06/07/2008

Mudanças na língua e em nós
Descobri recentemente o site Wordspy, que cataloga e dá a definição de novas palavras e expressões em inglês, a partir de textos jornalísticos ou literários. É um pré-dicionário, bem informal, mas que faz sentido. Exemplos desse trabalho são a já não tão nova "metrosexual", ou, na mesma linha, "retrosexual", que, para o Wordspy é um "homem com um sentido estético mal desenvolvido, que gasta o mínimo possível de tempo e dinheiro com sua aparência e com um estilo de vida". É o que popularmente já chamamos de "troglodita". Aliás, a comparação dos casos me leva a uma hipótese: enquanto o inglês cria palavras, nós damos apelido em português, quando não importamos as novidades anglófonas. Termos como "yuppie" são plasmados e recebidos no idioma, enquanto os apelidos passam com seu tempo. Os primeiros marcam a época e o contexto cultural em que nasceram - e ficam sendo essa marca por muito tempo - enquanto os apelidos dependem ou da sua atualidade ou das aspas, isto é, a sua função de apontar um significado se esvai com o tempo, com a mudança natural do contexto. Curioso é que a expansão do léxico em inglês muitas vezes recorre ao latim, como nos termos ~sexual, o que gera palavras perfeitamente brasileiras, mas mostra que ao invés de ficarmos só no simpático hábito dos apelidos, poderíamos ser uma comunidade de falantes - e escreventes - mais aberta à expansão vocabular, com menos medo de nos distanciar da língua de origem, porque, de todo modo, esse distanciamento é irreversível e inevitável. Que venha a neolíngua (!)